sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Crítica: Karatê Kid

Sabe quando você vai tirar um xerox e algumas partes ficam ilegíveis? Metaforicamente, foi isso o que aconteceu com o roteiro de Karate Kid (2010). Os produtores pegaram o original de 1984, estrelado por Ralph Macchio e Pat Morita, e substituíram os trechos mais apagadas por novos. Assim, mais uma vez vemos um menino seguindo a mãe para uma grande mudança em suas vidas. Chegando lá, sofre para se adaptar e é perseguido por valentões, até encontrar um mestre de artes marciais que vai salvar o seu pescoço e ensiná-lo a lutar - desta vez em um campeonato, não mais nas ruas. Ah e ele conquista o coração da menina por quem se apaixona logo no começo. As novidades são a troca do descendente de italianos Daniel Larusso (Macchio) pelo afro-descendente Dre Parker (Jaden Smith), que em vez de se mudar da costa leste para a oeste, agora tem que atravessar o Pacífico e viver na China; a substituição do mestre japonês Sr. Miyagi (Morita) pelo chinês Sr. Han (Jackie Chan); e, claro, a maior de todas as trocas, a do karatê que dava o título ao original pelo kung-fu, o que gerou grande comoção entre os fãs oitentistas.
As polêmicas, porém, vão sendo abafadas pelas homenagens que a refilmagem faz ao seu original. Da mosca no hashi (o "pauzinho") ao treinamento não convencional, a nova versão soube como satisfazer os fãs antigos ao mesmo tempo que apresenta a franquia a uma nova audiência. Outro acerto do roteiro é não tentar repetir o Sr. Miyagi. O Sr. Han criado por Jackie Chan é um novo personagem e um dos grandes trunfos desta nova versão, pois carrega uma dramaticidade que o personagem de Pat Morita só desenvolveu no segundo filme, quando teve de voltar ao Japão.
Ainda longe da faixa preta em carisma de Jackie Chan ou Will Smith, de quem é filho, Jaden Smith se esforça, sua as tranças e dá seus pulos. Se lhe falta algo, não é determinação. As cenas de seu treinamento nos cenários da China-para-turista-ver podem deixar os mais sedentários cansados no cinema só de olhar. Porém, esta obrigação de mostrar os cartões postais do país e o envolvimento de Dre com a menina Meiying (Wenwen Han) acabam alongando o filme mais do que deveria. Afinal, ainda temos o campeonato.
Quando chega a hora de mostrar que o treinamento de Dre com o Sr. Han não foi em vão é que o filme se perde de vez. A necessidade de atualizar a história e deixá-la atraente ao público tween que se deixou levar pelo clipe da música em que Jaden faz dueto com Justin Bieber, cria mais piruetas e efeitos do que boas lutas. E mesmo havendo um golpe final extremamente plástico, ele não tem a mesma força que o chute da garça. Um dos motivos é que não houve uma preparação do golpe. No original, o movimento havia sido treinado à exaustão por Daniel-San, que, mesmo assim, nunca havia conseguido executá-lo com a precisão necessária até a final.
Karatê Kid, que na China foi rebatizado como Kung Fu Kid e no Japão virou Best Kid, acerta vários de seus golpes, mas peca na hora de acabar com a luta, deixando a polêmica do nome logo esquecida. Como cópia, se sai melhor do que o esperado, mas é certamente mais apagado que o original.


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